Intuitivamente, no nosso idioma, todos nós sabemos, com maior ou menor grau de certeza, o que é uma palavra. Para definir, identificar e delimitar a palavra, é necessário considerar as particularidades de cada língua.
Diferentes critérios podem ser utilizados para se definir a palavra, como o fonológico (a forma sonora), o gráfico (a forma escrita), o morfossintático (a forma gramatical) e o semântico (o significado), entre outros. Para simplificar, adotaremos na Neoteca o critério gráfico (uma palavra é uma sequência de elementos separados por espaços em branco) e o critério semântico (uma palavra é uma unidade estável de significação). A palavra é constituída por elementos morfossintáticos como radicais, afixos e flexões.
Exemplos: critério gráfico — O1 quadro-negro2 é3 verde4. (= 4 palavras); semântico – O1 professor2 só3 sabia4 encher5 linguiça6. (= 6 palavras).
Nos exemplos acima, observamos dois casos que mostram ser necessário mais de um critério para se isolar e conceituar uma palavra: quadro-negro, um substantivo composto, e encher linguiça, uma expressão idiomática formada por duas palavras.
São exemplos de neologismos que ilustram esses casos: guarda-roupa (significando “pessoa de grande porte físico, alta e forte”) e fazer a egípcia (significando “ignorar algo ou alguém ou fazer-se de desentendido(a)”).
Referências
BASÍLIO, Margarida. Formação e classes de palavras no português brasileiro. 3. ed. São Paulo: Contexto, 2011.
BIDERMAN, Maria Tereza Camargo. Teoria Linguística: linguística quantitativa e computacional. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1978.
BIDERMAN, Maria Tereza Camargo. Conceito linguístico de palavra. In: BASÍLIO, Margarita. (Org.). Palavra (série linguagem): a delimitação de unidades lexicais. Rio de Janeiro: Grypho, 1999. p. 81-97.